Vente 375 Partie 2 Antiques, Modern and Contemporary Art Auction
Par Palácio do Correio Velho
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LOT 408:

VALIOSO CONJUNTO DE DEZ (10) CARTAS DE DUARTE RIBEIRO DE MACEDO DIRIGIDAS AO 3º CONDE DE CASTELO MELHOR, E 6º CONDE ...

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VALIOSO CONJUNTO DE DEZ (10) CARTAS DE DUARTE RIBEIRO DE MACEDO DIRIGIDAS AO 3º CONDE DE CASTELO MELHOR, E 6º CONDE DA CALHETA, FAMOSO MINISTRO DEL REI D.. AFONSO VI, D. LUIZ DE VASCONCELOS E SOUSA. que foi Reposteiro - Mór da Casa Real, Escrivão da Puridade, Conselheiro de Estado do referido Soberano e de D.João V, Senhor de Valhelhas, Almendra e Mouta Santa, Alcaide - Mór e Comendador de Pombal. Nasceu em 1635 e morreu em 1720.
Iniciou a sua carreira ao serviço da Nação acompanhando seu Pai na Campanha de 1658, onde revelou grande bravura. Acercou - se do jovem soberano D.Afonso VI, ainda tutelado pela regência da Rainha - Mãe D.Luiza de Gusmão e conquistou a sua confiança. Como ficou dito foi nomeado Escrivão da Puridade do Rei, cargo que exerceu com omnipotência absoluta. No meio desta brilhante acção governativa, a fraca personalidade de D. Afonso VI continuava a ser objecto da hostilidade de todos os que desejavam ver cair o valido.Tentou o Conde de Castelo - Melhor contemporizar com as exigências do partido do Infante D. Pedro, conservando o seu lugar e a confiança do monarca.
Chegada que foi a Portugal D. Francisca Isabel de Sabóia, esta tomou posição contra Castelo - Melhor, servindo os interesses da França, enquanto o grande ministro só tinha em vista os interesses do seu Rei e do seu país. Castelo - Melhor a seguir à deposição de D.Afonso VI, saiu do Reino e não houve injúria nem acusações que os seus inimigos lhe poupassem. Fixando - se em Londres, aí prestou tais relevantes serviços a D. Catarina, Rainha da Grã - Bretanha, que esta obteve de D.Pedro II, em 1685, que o Conde voltasse ao Reino, indo viver para Pombal e voltando à corte em 1687. No reinado de D. João V foi de novo chamado ao Conselho de Estado, onde se conservou até morrer. Do seu segundo casamento em 1695 com a princesa Pelágia Sinfrânia de Rohan, filha do Principe Francisco de Rohan Soubise e da princesa Ana de Rohan - Chabot, teve vários filhos, dos quais o primogénito; José, sucedeu na Casa.
O autor destas importantes e valiosas «Cartas», Duarte Ribeyro de Macedo, foi Cavaleiro da Ordem de Cristo, do Conselho de D.Pedro II, doutor em Direito pela Universidade de Coimbra, desembargador e Conselheiro da Fazenda, e um dos mais cultos diplomatas portugueses do seu tempo, tendo nascido em Lisboa, em Fevereiro de 1618 e falecendo em Alicante em 10 - VII -1680. Depois de tomar o gráu de Mestre na Universidade de Évora, doutorou - se em Direito Cesáreo na Universidade de Coimbra, e seguindo a carreia da magistratura, foi então nomeado Juiz de Fóra em Elvas, passando depois como Corregedor para a Torre de Moncorvo. Quando o Conde de Soure, D.João da Costa, foi nomeado ministro em França, escolheu Ribeiro de Macedo para seu secretário, e cuja acção lhe prestou os mais relevantes serviços. A missão era dificil pois o Cardeal Mazarin queria a todo o custo firmar uma paz vantajosa com a Espanha e negociar o casamento de Luís XIV com uma princesa espanhola. Mazarin acabaria por nos sacrificar, mas o Conde de Soure batia - se pelos nossos direitos. Nos interesses da Espanha estava o tornar a reaver os seus direitos à corôa de Portugal e que se tinham perdido em 1640. Em 1666, seis anos após estas negociações, Ribeiro de Macedo publicava como que a justificação do seu procedimento e do Conde de Soure na obra: «Juizo Histórico e Juridico sobre a Paz celebrada entre as Corôas de França e Castela no ano de 1660». Tudo leva a crer que Duarte Ribeiro de Macedo tomou, em várias contendas o partido de D. Pedro e da Rainha D.Luíza de Gusmão, não só por ter mandado imprimir em Paris, em 1667, o «Panegírico Histórico - Genealógico da Serenissima Casa de Nemours» mas também porque todos os seus amigos como o Padre António Vieira, D. Rodrigo de Menezes e outros, pertenciam a esse partido e ainda porque mal D.Pedro II tomou conta do poder, o encheu de honras e mercês. Em 1668 foi enviado a França como ministro residente, com a missão, da parte de D.Pedro, de se escusar por Portugal haver feito pazes com a Espanha, sem prévio acordo com a França, sua aliada. Residiu em França nove anos como ministro de Portugal, tendo lutado pelo estreitamento e melhoria da nossa aliança. É depois enviado para Madrid. Quando se começou a tratar do casamento de D. Isabel de Portugal com o Duque de Sabóia, Ribeiro de Macedo foi designado e enviado como Embaixador Extraordinário. Mas, quando em Alicante ia a embarcar para Itália, faleceu subitamente em 1680.Todos os seus escritos foram coleccionados, e acrescentados de alguns inéditos, nas «Obras» do Dr. Duarte Ribeiro de Macedo, Lisboa, 1743, e novamente em 1767, sendo alguns deles considerados dos primeiros escritos políticos de Economia, muito valorizados, por exemplo, por António Sérgio, já em nossos dias. Em 1817, é feita uma nova edição, com novos inéditos.

CONTEÚDO DAS CARTAS

Carta nº 1 - Madrid, 30 de Novembro de 1678.
Refere que não recebeu os papéis de D. Francisco, que Deus têm. Diz que é muito conveniente informar a todos desta conjura. Deseja que os Católicos estejam inocentes. «Mande - me Vª.Senhoria dizer como passa S. Majestade». Diz ainda que não se viram publicados os Capítulos de Paz. Entre outros assuntos, dá também conhecimento que morreu um grande ministro, o Conde de Villa Hermosa, que tinha ido na véspera a enterrar. «Deus guarde a Vossa Senhoria como desejo». E «tudo isto faz armonia para uma paz geral...».

Carta nº 2 - Madrid, 13 de Dezembro de 1678.
Refere que ainda bem que o Conde está na Corte, caso contrário o Rei ficaria desamparado. Fala de um negócio que é nosso e da sua Religião e que o mundo está todo em confusão e que só a França parece que acerta no que faz. Narra um caso recente, no qual o Duque de Ossuna, cansado de sofrer os galanteios com que o Conde de Humanes lhe inquietava uma dama sua, o mandou esperar por seus homens e lhe bateram com cinco paus, não sem fazer sangue, pois um foi ferido por um pistoleiro que faleceu. O Duque de Ossuna foi mandado para um Castelo junto de Mérida e o dito Conde de Humanes vai para um presídio em África. Diz que a Paz não se ratifica sem que se ajuste à do Imperador do Sacro Império.

Carta nº 3 - Madrid, 26 de Janeiro de 1679.
Refere que Dom Francisco de Lima morreu e deixou a Misericórdia por herdeira com 200,00 patacas, mas os legados devem ser mais de 100,00 e também outras heranças. Nomeou - se Mordomo - Mór de S. Majestade a Rainha o Marquês de Astorga, e Camareira a Duquesa de Terra - Nova. Para levar a jóia anteriormente escolhida foi designado como Embaixador o Duque de Pastrana. Refere ainda um assunto anedótico de que em outra posta mandará uma cópia a S, Senhoria.

Carta nº 4 - Madrid, 8 de Fevereiro de 1679.
Carta difícil de lêr, pois está com a tinta e a letra algo sumidas. A marca de água do papel é formada por uma elipse tendo no campo uma cruz solta sob corôa. Dois leões suportam a elipse, que tem na parte inferior duas circunferências tangentes, vazias no campo. Entre uns e outros assuntos de Estado, nomeadamente movimentações diplomáticas e relativas à guerra, Ribeiro de Macedo confirma que recebeu uma carta datada de Dezembro de 1678 e gostou de saber que Sua Senhoria tem passado bem de saúde, o que devido às grandes tempestades tornam tal notícia preciosa. De referir que o papel de carta com esta marca foi usado de 1651 até 1700.

Carta nº 5 - Madrid, 8 de Abril de 1679.
Refere que foi muito útil ao serviço de Sua Alteza e da Senhora Rainha, Vª Senhoria, ou seja a presença do Conde de Castelo - Melhor nessa corte, «e graças também à Providência Divina». Dá notícia da carta que recebeu do Marquês de Arronches vinda de Poitiers. Refere ainda Duarte Ribeyro de Macedo que também tinha recebido uma certidão de Viena que está enviando ao Conde.

Carta nº 6 - Madrid, 19 de Abril de 1679.
Ribeyro de Macedo começa por dizer que tinha chegado a notícia que o Duque D.Jozé estava em Bruxelas, notícia essa acreditada por vários Conselheiros de Estado. Assina : «Um criado de Vª Senhoria Duarte Ribeyro de Macedo». Entre outros assuntos, diz que lhe parece que a guerra está para continuar porque caso contrário não se falava em pagamentos até que os Tratados de Paz se desvanecessem de todo.

Carta nº 7 - Madrid, 31 de Maio de 1679.
Carta com o respectivo endereço: «À Monsieur Le Comte de Castelmelhor À Londres». Duarte Ribeiro de Macedo informa não lhe ter chegado por onde lhe vêm a missiva do Conde Embaixador. Refere que há muitos Ministros Estrangeiros que só acreditam no que ele lhes diz, e...« o nosso temor durará enquanto o Parlamento não acabar de decidir todos os negócios». Referência também ao casamento de Mademoiselle (sic) e que se tinham pedido em dote algumas Praças, e diz o Marquês de Los Balbazes que El - Rei respondera que dotar sua sobrinha tocava a seu irmão e que se ele pudesse dar praças, as desse. Assina: «Criado de Vª Senhoria - Duarte Ribeyro de Macedo». Esta carta tem o sinete de Ribeiro de Macedo sobre lacre.

Carta nº 8 - Madrid, 28 de Junho de 1679.
Refere que S. Majestade El - Rei tinha prorrogado o Parlamento para Outubro e que tinha esperança de que fosse para arrefecer a fúria destes homens. O Marquês de Vilares afirma que a Infanta já está casada com o Duque de Sabóia. Dá ainda notícia de que o Rei irá brevemente a Valladolid e que D.João passará depois a Burgos e que comprou uma jóia que custou 20.000 dobrões que será provavelmente um presente para a noiva. Referência ainda a uns problemas com os Breves de Roma e desejo de que o Papa não ceda até se vêr obedecido. Com belo sinete sobre papel.

Carta nº 9 - Madrid, 12 de Julho de 1679.
Carta na qual refere desgostos particulares de Sua Majestade e diz que se o Inverno não fosse tão rigoroso, ele se oferecia para ir ter com o monarca Diz que nesta Corte há muita ignorância e as pessoas se alegram com os males alheios como se fosse remédio próprio. Refere - se a uma cidade onde o Rei de França está a construir uma fortificação de sete baluartes e dá pormenores desses ditos trabalhos. Dá noticia, mais outra vez, do casamento de Mademoiselle e que ainda não se esclareceu a dúvida com o Embaixador de França, o qual : «como eu já disse a Vª Senhoria quer que D.José lhe dê a mão», e para isso estão fazendo «tantas deligências».

Carta nº 10 - Madrid, 7 de Setembro de 1679.
Carta com o respectivo endereço: «Monsieur Le Comte de Castelmelhor À Londres» e na qual Duarte Ribeiro de Macedo protesta ao Conde de Castelo - Melhor a crença na inocência deste, desejando - lhe («que triunfe de todas as calúnias») e informa que D.João está com febres terçãs malignas. Assina : Criado de V.Sª «Duarte Ribeyro de Macedo». Marca de água do papel : Escudo com faixa e dois castelos sob cruz a dentro de um circulo com um desenho. Carta com belo sinete coroado sobre papel.