AGOSTINHO SALGADO (1905-1967)

AGOSTINHO SALGADO (1905-1967)

“LAVADEIRAS NO RIO LEÇA” – Óleo sobre madeira, representando em primeiro plano lavadeiras de Leça da Palmeira, esfregando e curando as roupas nas margens do rio sereno, enquanto algumas crianças iam brincando e outras se expõe ao sol, protegidas por guarda-sol. Em segundo plano, vista de casarios, ladeados por arvoredo exuberante e num ponto mais elevado sobressai a Capela de Santana. Obra assinada e datada no canto inferior esquerdo [Agostinho Salgado // 1949]. Interessantíssima pintura de Agostinho Salgado, neste belo trecho do quotidiano das lavadeiras de Leça, representativas dos costumes populares portugueses, já praticamente desaparecidos. Neste trabalho o pintor mantem as suas características plásticas do seu naturalismo paisagístico, nesta mágica paleta das transparências e sobreposições na suavidade dos tons, a vibração cromática, a exploração constante de reflexos, neblinas e incutir nesta obra um contraste luminoso e cheia de cor. Trabalho emoldurado.

Dim: 35,7x40,6 cm (Óleo)

Dim: 47x52,2 cm (Moldura)

 

Nota: Agostinho António Salgado de Andrade – Pintor nascido em Leça da Palmeira a 21 de Julho de 1905 e faleceu no mesmo local a 25 de Abril de 1967. Ainda jovem emigrou para o Brasil, onde fez carreira comercial. Regressou a Portugal em 1924. No ano seguinte ingressou na Escola Superior de Belas Artes do Porto, que frequentou até 1935 e onde foi discípulo de António Carneiro, de José de Brito, de Acácio Lino e de Joaquim Lopes. Durante o curso, iniciou actividade artística na Fábrica de Cerâmica do Carvalhinho, em 1932. Foi professor do Ensino Técnico, designadamente na Escola Faria Guimarães, conservador do Museu Nacional de Soares dos Reis e colaborador das revistas O Tripeiro, Museu e Lusíadas. Agostinho Salgado, um dos grandes artistas do naturalismo, especialmente nas suas paisagens de Leça e de Matosinhos, em especial o bucolismo das margens do Rio Leça nos anos 30/40 e 50, assumem-se como uma pedrada no charco do naturalismo, propondo uma ponte com as correntes de vanguarda e estabelecendo uma saída para a pintura de cariz figurativo. Nestas obras de cariz naturalista é de destacar a suavidade dos tons e a vibração cromática. Também produziu retractos de pintores consagrados portugueses, nomeadamente para a Faculdade de Ciências e para a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, e para Reitoria da mesma Universidade. Actualmente expostos no Salão Nobre e na Sala do Conselho. É um dos 3 pintores mais representativos do acervo do Museu da Quinta de Santiago. Centro de Arte de Matosinhos, juntamente com António Carneiro e Augusto Gomes. Dá o seu nome a uma das salas deste espaço museológico - Sala Agostinho Salgado, na qual se exibem telas da sua autoria, que retractam paisagens do concelho de Matosinhos.

Realizou exposições individuais e participou em exposições colectivas em cidades portuguesas e estrangeiras como Matosinhos, Amarante, Porto, Vila Real, Estoril, Rio de Janeiro e Praga e foi convidado para participar na exposição comemorativa do IV centenário da morte de S. Francisco Xavier, em Goa, em 1952. Agostinho Salgado recebeu várias distinções, nomeadamente a 1.ª medalha no Salão Estoril  (1950) e o Prémio António Carneiro concedido pelo Secretariado Nacional de Informação (1963). Encontra-se representado em museus portugueses, como o Museu de Arte Contemporânea, em Lisboa, o Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, a Casa-museu Fernando de Castro, também no Porto, o Museu Grão Vasco, em Viseu e o Museu Abade Baçal, em Bragança e não esquecendo a colecção que se encontra no Museu da Quinta de Santiago - Leça da Palmeira. Ref. Biog. Dicionário de Pintores e Escultores Portugueses. [pág. 115] // Michael Tannock. [pág. 11], com um trabalho reproduzido a negro. [Estampa Nº 195] // Catálogo da Grande Exposição dos Artistas Portugueses-1935. [pág. 6] // Inventário Desenhos / Aguarelas / Óleos. Câmara Municipal de Matosinhos-Abril de 1970. [pág. 126 à pág. 132].